... a gente nunca esquece.
É verdade. Eu lembro da minha vividamente. Era uma tarde de domingo, num dia paulistano típico. Uma garoa gelada e fina atormentava e não dava ânimo para nada.
Mas, eu estava ansiosa! Levantei cedo, tomei banho, pus a minha roupa preferida e fiquei esperando... parecia que a hora não chegava nunca!
Ansiosa, de tempos em tempos eu perguntava ao meu primo, que já tinha experiência, como era, se era legal, se ele tinha gostado, se ele achava que gostaria.
Ele fazia cara de mistério e não respondia muita coisa. Dizia para eu ter paciência e esperar.
Paciência e espera! Até parece! Depois de tanto tempo esperando por aquele dia, eu estava quase gritando “pelo amor de Deus, vamos logo”!
Enfim, a hora chegou. Meu pai e meus tios, cheios de cerimônia, vieram me dar as instruções necessárias: “pode isso, não pode aquilo; nada de fazer isso ou aquilo. Lembre-se que você é uma mocinha...” Eu engolia as palavras, gravando-as, uma a uma, para que nada desse errado.
No caminho, enquanto meu pai guiava e meus tios conversavam, eu olhava pela janela e imaginava... como seria. Ou se as pessoas que caminhavam calmamente lá fora sabiam o quanto eu esperara... o quão ansiosa e feliz eu estava.
Finalmente, chegamos ao nosso destino. Eu desci do carro e enquanto meu pai me levava pela mão, eu admirava estarrecida...
Confesso que me assustei um pouco. Talvez se meu pai e tios não estivessem ali, eu tivesse desistido.
Mas, olhei em volta, e as outras pessoas pareciam felizes. Riam, cantavam, se abraçavam.
Meu pai me levou até a entrada e me disse para ir tranqüila, que ele me encontraria mais tarde. Meus tios sorriram e bagunçaram meus cabelos numa demonstração desajeitada de afeto e apoio, dizendo que já me encontrariam.
Eu fui. O primeiro passo meio inseguro. Uma moça, de vermelho, sorriu para mim. Eu sorri de volta. Respirei fundo, e entrei.
Eu nunca imaginei que fosse tão grande! Sempre fui miúda e, então, me sentia ainda menor.
Mas, era fantástico! Esqueci a garoa, os homens ao redor, e fiquei parada, sem saber direito o que fazer, olhando encantada.
Estava já em transe, quando senti alguém tocar em mim.
Era meu pai, que apontava e explicava: “Viu? Ali do lado do gramado ficam as entradas para o vestiário, os bancos das equipes...”.
Meu tio perguntou se eu queria amendoim, ou refrigerante. Não, não queria nada! Estava tão feliz de estar num estádio, vendo um jogo de futebol, ao vivo e a cores que dispensei as guloseimas.
Foi a minha primeira vez. O Corínthians jogava com o Internacional de Porto Alegre, no Morumbi, pelo campeonato brasileiro, em 1989, e ganhou de 1X0.
Eu lembro vivamente dos meus tios (um corinthiano e outro colorado) discutindo e brincando; da torcida do Inter (pois assistimos na bancada dos gaúchos) xingando; a bagunça na saída do estádio.
Eu tinha onze anos, e foi a minha primeira vez no estádio.
Eu nunca esqueço.
(Este texto é uma homenagem a todos aqueles que se emocionaram na sua primeira vez e nunca a esqueceram. É em homenagem a Paty que, ontem, teve a sua primeira vez, no inigualável Cícero Pompeu de Toledo e assistiu, feliz, o seu – e o meu – time do coração meter 3 X 1 no Goiás).
É verdade. Eu lembro da minha vividamente. Era uma tarde de domingo, num dia paulistano típico. Uma garoa gelada e fina atormentava e não dava ânimo para nada.
Mas, eu estava ansiosa! Levantei cedo, tomei banho, pus a minha roupa preferida e fiquei esperando... parecia que a hora não chegava nunca!
Ansiosa, de tempos em tempos eu perguntava ao meu primo, que já tinha experiência, como era, se era legal, se ele tinha gostado, se ele achava que gostaria.
Ele fazia cara de mistério e não respondia muita coisa. Dizia para eu ter paciência e esperar.
Paciência e espera! Até parece! Depois de tanto tempo esperando por aquele dia, eu estava quase gritando “pelo amor de Deus, vamos logo”!
Enfim, a hora chegou. Meu pai e meus tios, cheios de cerimônia, vieram me dar as instruções necessárias: “pode isso, não pode aquilo; nada de fazer isso ou aquilo. Lembre-se que você é uma mocinha...” Eu engolia as palavras, gravando-as, uma a uma, para que nada desse errado.
No caminho, enquanto meu pai guiava e meus tios conversavam, eu olhava pela janela e imaginava... como seria. Ou se as pessoas que caminhavam calmamente lá fora sabiam o quanto eu esperara... o quão ansiosa e feliz eu estava.
Finalmente, chegamos ao nosso destino. Eu desci do carro e enquanto meu pai me levava pela mão, eu admirava estarrecida...
Confesso que me assustei um pouco. Talvez se meu pai e tios não estivessem ali, eu tivesse desistido.
Mas, olhei em volta, e as outras pessoas pareciam felizes. Riam, cantavam, se abraçavam.
Meu pai me levou até a entrada e me disse para ir tranqüila, que ele me encontraria mais tarde. Meus tios sorriram e bagunçaram meus cabelos numa demonstração desajeitada de afeto e apoio, dizendo que já me encontrariam.
Eu fui. O primeiro passo meio inseguro. Uma moça, de vermelho, sorriu para mim. Eu sorri de volta. Respirei fundo, e entrei.
Eu nunca imaginei que fosse tão grande! Sempre fui miúda e, então, me sentia ainda menor.
Mas, era fantástico! Esqueci a garoa, os homens ao redor, e fiquei parada, sem saber direito o que fazer, olhando encantada.
Estava já em transe, quando senti alguém tocar em mim.
Era meu pai, que apontava e explicava: “Viu? Ali do lado do gramado ficam as entradas para o vestiário, os bancos das equipes...”.
Meu tio perguntou se eu queria amendoim, ou refrigerante. Não, não queria nada! Estava tão feliz de estar num estádio, vendo um jogo de futebol, ao vivo e a cores que dispensei as guloseimas.
Foi a minha primeira vez. O Corínthians jogava com o Internacional de Porto Alegre, no Morumbi, pelo campeonato brasileiro, em 1989, e ganhou de 1X0.
Eu lembro vivamente dos meus tios (um corinthiano e outro colorado) discutindo e brincando; da torcida do Inter (pois assistimos na bancada dos gaúchos) xingando; a bagunça na saída do estádio.
Eu tinha onze anos, e foi a minha primeira vez no estádio.
Eu nunca esqueço.
(Este texto é uma homenagem a todos aqueles que se emocionaram na sua primeira vez e nunca a esqueceram. É em homenagem a Paty que, ontem, teve a sua primeira vez, no inigualável Cícero Pompeu de Toledo e assistiu, feliz, o seu – e o meu – time do coração meter 3 X 1 no Goiás).
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